"No mundo da luz não existe lugar para o cativeiro da alma." M.V.B.

domingo, 8 de maio de 2011

A CRIANÇA E O AMOR

Era uma criança muito pequena e muito triste.
Tão pequena, que o mundo inteiro tomava proporções gigantescas  ante seus olhos amedrontados.
E as pessoas que a cercavam cresciam como monstros disformes sempre prontos a devorá-la.
Tão triste, que parecia abrigar em seu coração toda a tristeza do mundo,
e as lágrimas que lavavam seu rosto não aliviavam a dor que lhe oprimia o peito.
Sofria de saudade...
Saudade daquela estrela bonita que brilhava nas noites limpas, saudade do Sol, saudade do espaço.
E não encontrava na Terra o que preenchesse o vazio que trazia na alma.
Vazio cheio de saudade, vazio cheio de dor, vazio cheio de pranto, vazio cheio de escuridão.
E a criança caminhava pelo mundo, tropeçando nos obstáculos criados pela matéria,
sujando os pés na poeira da estrada, sujando o corpo na poeira da vida.
E quando chorava, suas lágrimas banhavam-lhe o pequeno corpo e ele resplandecia.
A criança olhava-se surpresa, sem compreender, porém,  o porquê daquela névoa azulada que a envolvia após o pranto.
E continuava a caminhar sozinha pela estrada, com medo de enfrentar o mundo de gigantes que a maltratavam.

Um dia, em sua caminhada, a criança viu uma luz que deslumbrou seus olhos já acostumados às trevas. Dirigiu-se para essa luz e viu-se envolvida por ela.
E dentro dessa luz viu um Ser, lindo como aquela estrela que brilhava nas noites limpas, lindo como o Sol, lindo como o espaço.
Sua roupa de prata  brilhava mais que todas as luzes da matéria reunidas
e seus olhos, ah, seus olhos!...
A criança perdeu-se dentro daquele olhar tão cheio de ternura, tão cheio de amor.
O estranho Ser sorriu e estendeu-lhe a mão.
Suas mãos se encontraram e a criança sentiu uma torrente de Amor e de Luz invadir o vazio de sua alma, e seu coração, cansado de sofrer, palpitou com  aquela torrente de vida que começou a correr-lhe pelas veias.
E a criança, por instantes, perdeu a noção do tempo e do espaço, subiu às estrelas
e o mundo onde vivia pareceu-lhe um pequeno ponto colorido em meio  a milhões e milhões de outros pontos de luz.
Voltou à Terra trazida pela mão que segurava a sua e quando olhou seu próprio corpo,
notou, surpresa, que crescera, crescera tanto que os seres humanos, que antes pareciam-lhe monstros imensos, transformaram-se agora em pequenas e frágeis criaturas, perdidas na escuridão.
Sentiu pena, sentiu Amor.
Estendeu os braços e envolveu-os a todos num único abraço, e deixou verter sobre eles todo o imenso amor que lhe enchia o peito.

Depois, olhou em torno, à procura daquele Ser belo, vestido de prata, de olhar terno,
e não o encontrou.
Sentiam, porém, nas mãos o calor de suas mãos, sentia sua doce presença.
Mas onde estaria ele?
Foi então que olhou para dentro de si e o encontrou.

A Sabedoria Universal tornara-os um só,
reunira num único Ser, a criança e o Amor.

Extraído de “O Grande Encontro” de Márcia Villas-Bôas

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