"No mundo da luz não existe lugar para o cativeiro da alma." M.V.B.

sábado, 30 de abril de 2011

SER FELIZ...

Temos tantos hábitos em nossa vida, por que então não cultivar o hábito se ser feliz?
A felicidade é um direito que todos têm, mas poucos provaram. Talvez tenham  conhecido alguns momentos felizes, passageiros, que logo são substituídos por outros de preocupação, por problemas, por dificuldades que geram um sofrimento constante.
Os problemas que a vida nos apresenta  deveriam ser desafios a serem vencidos e não motivos de sofrimento.
Será que estamos habituados a sofrer? Será que acreditamos realmente que a felicidade só pode ser conquistada depois de conhecermos muito sofrimento?
No meu livro "Arquivos da Transcendência", o primeiro texto diz:

"Quando iniciaste tua jornada terrena,
entraste no divino templo que é o teu corpo.
Faze dele o instrumento da tua alegria.
Sê feliz, como o pássaro em liberdade,
sê forte, como as árvores seculares,
e a beleza do nascer do sol jamais se afastará
do brilho do teu olhar".

Cultivar hábitos não é difícil, mas parece que cultivar os hábitos nocivos está sendo mais fácil do que cultivar o hábito de ser feliz.
Não vamos deixar que o hábito de sofrer leve ao esquecimento da felicidade!
Texto de Márcia Villas-Bôas

sexta-feira, 29 de abril de 2011

QUANDO O DISCÍPULO ESTÁ PRONTO...

Uns dizem que quando o discípulo está pronto, o Mestre aparece. Outros, ao contrário, explicam que, quando o discípulo está pronto, o Mestre desaparece.
Se aparece, ou se desaparece, são etapas de uma mesma jornada, a tal jornada que alguns chamam de caminho da iluminação.
Mas o que seria este caminho? Na certa não é uma estrada que se precise realmente trilhar. Ninguém necessita se mudar para o Tibet, ou fazer o caminho de Santiago, para conquistar a iluminação. O caminho é para dentro, em mergulhos gradativos até que a pessoa se torne um ser total, plenamente consciente.
O ser humano, principalmente o ocidental, sempre se preocupou em procurar suas respostas fora de si mesmo, e o caminho entre o consciente e o inconsciente sofreu uma ruptura, que pode ser restaurada na medida em que a pessoa se acostuma a se voltar para dentro e a trabalhar seu psiquismo.
Poderíamos dividir esta caminhada em 3 etapas preliminares:
1) O futuro discípulo não está pronto e nem está procurando um mestre.
É aquela fase em que a pessoa está totalmente fixada no mundo exterior, e seu encontro com o inconsciente só acontece através dos sonhos ou em raros momentos de relaxamento mental. Alguns ficam nesta fase a vida toda....
2) Quando o discípulo está pronto, o mestre aparece.
De repente, no meio da loucura que é a vida voltada somente para o exterior, acontece alguma coisa que atrai o foco da consciência um pouco mais para o interior. Há um toque em nível consciente na estrutura interna, até então desconhecida, e um conseqüente estremecimento de todo o ser. Ele fica inquieto, começa uma procura, sem saber bem o que está buscando, até que encontra um mestre  ... Uns se contentam com um só mestre, outros com vários. Alguns preferem seitas, religiões, livros, enfim... São também muitos os que ficam nesta etapa durante toda a vida.
3) Quando o discípulo está pronto, o mestre desaparece.
Aí chega aquela etapa em que o contato com o interior se faz com mais facilidade, e a pessoa já caminha a passos largos para romper o bloqueio entre sua consciência mortal e o seu Eu imortal e eterno, ou inconsciente, ou Eu Interior, ou que tantos outros nomes possa ter, mas que interage com todas as dimensões. O mestre desaparece, porque nenhum mestre, nenhuma religião, nenhuma seita pode lhe revelar coisas mais profundas e intensas do que aquelas que seu Eu interno tem a lhe mostrar.
Falei em 3 etapas preliminares de uma jornada, porque acredito que somente a partir desta terceira etapa é que começa, realmente, a Grande Caminhada, aquela em que a pessoa parte para a busca de seu verdadeiro lugar dentro do Universo visível e invisível que a rodeia.
Texto de Márcia Villas-Bôas

quarta-feira, 27 de abril de 2011

ILUSÕES

Chegamos a essa vida, sem lembrança de onde viemos e sem saber para onde vamos. Só fica, bem no fundo da alma, uma saudade esquisita....
Na memória limpa são gravadas novas impressões, para podermos sobreviver nesse mundo de matéria. Essas impressões passam a ser a nossa realidade e com elas pretendemos acalmar a dor da saudade que brota nos momentos e silêncio. E nos iludimos, criando situações na vida que acreditamos que irão, enfim, acalmar a ânsia da alma de encontrar novamente suas origens. Depois, nos desiludimos... e partimos para uma nova ilusão.
E assim, de ilusão em ilusão, de dor em dor, de desilusão em desilusão, o nosso arco vai sendo esticado, tensionado ao limite máximo de sua resistência.
E, quando cansados, exaustos, enfim, de procurar no pacote de nossas ilusões a calma para a dorida busca interna, deixamos escapar a flecha de nossos anseios maiores e ela parte, decidida, luminosa e veloz, rumo às estrelas.
O arco se relaxa, o arqueiro acompanha com a alma o rastro de luz, seus olhos se perdem no infinito e a compreensão de sua origem milenar começa a clarear sua mente.
Então,do pacote de informações terrenas, passaremos a usar somente aquelas que  auxiliarão em nossa caminhada, a dor das desilusões não chegará mais à alma, pois não haverá mais a ilusão de encontrar respostas, paz e felicidade nas situações do mundo físico. Agora, é trabalhar as lembranças da origem, que chegarão de mansinho, mostrando o real motivo de viver.

Há muitos anos coloquei todo este processo num trecho num dos meus livros e vou transcrever abaixo:

“Serás crucificado nos teus desejos.
Talvez encontres alguém que te ajude
a carregar a tua cruz,
mas na hora da crucificação estarás só.
A sede ressecará a tua boca;
Beberás o fel do teu querer.
E enquanto tiveres desejos permanecerás na cruz.
As fibras do teu ser serão distendidas uma a uma,
até o limite máximo da tua resistência.
E não haverá bálsamo para a tua dor.
E quando  tuas forças chegarem ao fim e, exaurido,
deixares tombar tua vontade,
A lança divina  penetrará teu coração e tu descansarás.
E ressuscitarás para a vida.”
(do livro “À Sua Imagem e Semelhança” Márcia Villas-Bôas)

segunda-feira, 25 de abril de 2011

OS SEGREDOS DA ALMA


“- Quíron, como são os deuses?
            - Os deuses são como os humanos, Jasão, apenas irradiam muita luz, quando querem.
            - Mas eles são bons, são meigos ou são amedrontadores?
            - São bons e são maus, são meigos e amedrontadores, são justos e injustos, são bonitos e feios, são tolerantes e vingativos. São deuses, Jasão.
            - Eles moram no Olimpo?
            - Ali, naquele monte que desaparece em meio às brumas do amanhecer e também no coração de cada homem e de cada ser da natureza.
            - Não entendi, Quíron. Como podem os deuses habitar no Olimpo e, ao mesmo tempo, morar no meu coração, ou no seu, ou no coração de tudo o que existe?
            - Acho que você já se esqueceu do que lhe ensinei. A existência é a mente, Jasão. Você existe onde está  sua mente,  sua consciência. E a mente dos deuses é poderosa, pode estar em qualquer lugar ou com qualquer pessoa, se assim o desejarem. Quando eles querem, podem interagir com qualquer ser vivente e saber, e sentir, e perceber aquilo que o ser com o qual estão harmonizados sabe, sente ou percebe. E, nesses momentos, Jasão, aquele que interage com um deus se torna deus também. Porque, da mesma maneira, absorve o conhecimento divino e sente os sentimentos divinos.”

                O texto acima foi extraído do meu livro “Olimpo, a Saga dos Deuses” e mostra em breves palavras  o poder da mente, simbolizado desde épocas remotas através dos mitos, que fascinam o homem até os dias de hoje.
Como ensinou Jung, nas profundezas do inconsciente está todo o conhecimento universal que serve de molde para a formação de todos os mitos... Portanto, ao conduzirmos a mente às regiões mágicas do inconsciente, lá onde a consciência toca a mente universal, lá onde o humano se torna divino, teremos então revelados os grandes segredos ocultos – os segredos da alma.
 Texto de Márcia Villas-Bôas

domingo, 24 de abril de 2011

ALMA GÊMEA

      No nosso universo físico,   tudo precisa de um complemento para poder manifestar algum tipo de ação, ou de criação, como os dois polos de uma tomada para manifestar a luz, a semente e a terra para haver a germinação e assim por diante. O ser humano é um ser dividido, procurando seu complemento, embora possua em si mesmo sua outra parte, seu oposto complementar, pois  o ser interior, aquele ser imortal e divino, é polarizado. Este não precisa de alma gêmea.
     O que leva o ser humano à necessidade da busca da alma gêmea é a própria elevação espiritual. Porque, na verdade, o que é crescimento interior? Crescer interiormente significa levar o foco da consciência cada vez mais para dentro de si mesmo. A medida que isto acontece, a consciência vai se expandindo, porque vai se harmonizando com novas gamas de freqüências vibratórias enquanto vai chegando mais perto de seu próprio conteúdo divino. E vem então a ânsia da busca da alma gêmea, isto é, do equilíbrio vibratório que fará com que possa se harmonizar com as gamas de freqüência mais sutis do cosmos, nas quais não existe mais a dualidade na manifestação. As freqüências cósmica são polarizadas e, para interagir com elas, a consciência humana precisa também estar polarizada e é essa necessidade que faz com que busque sem cessar o seu oposto complementar, sua alma gêmea.
     Quando o foco da consciência atinge, por fim, seu real núcleo interior e divino, cessa a busca da alma gêmea. Ela foi encontrada, enfim, em si mesmo e a pessoa pode se harmonizar com as vibrações mais sutis do cosmo, sem precisar para isto de um equilíbrio através de um complemento fora de si. Ela encontrou o ser total que habita nas profundezas de seu próprio interior e que, como ser polarizado que é, pode finalmente realizar a meta final da Criação: o encontro consciente do Homem com o Todo.
Texto de Márcia Villas-Bôas

sábado, 23 de abril de 2011

QUEM SOU, DE ONDE VIM, PARA ONDE VOU?

Quem sou?
            Lembranças de qualquer passado, que possam me mostrar minha origem ou a razão da saudade constante que me devora o peito, não voltam à minha memória, por mais que vasculhe as profundezas misteriosas do meu inconsciente.
            Evoco as poucas cenas da infância que ficaram indelevelmente gravadas em minhas lembranças e vejo estranhos, que não são a minha verdadeira família, num lar que não é  meu aconchego e lembro de carinhos que não transmitiam o amor e a segurança que sabia existir em algum lugar do tempo ou do universo. E a criança que eu era perdia os olhos no espaço, vagando o pensamento entre as estrelas, à procura
de seu lar, escondido na escuridão de um céu cheio de estrelas.

De onde vim?
            Novamente deixo o olhar se perder no nada, como se o curto alcance da minha visão pudesse me fazer ver em qual daqueles minúsculos pontos de luz está a minha origem. Nada vejo, de nada me lembro além de enormes olhos negros que me fitavam com carinho, despertando em meu coração a energia ígnea do Amor, que ativado por tais lembranças, flui mais intensamente por todos os caminhos do meu corpo.
            Amor... como é profundo o Amor que brota em meu peito, quando minha mente toca as estrelas! A saudade que então chega é insuportável, mas ativa algum programa misteriosamente inserido em seu ser, que me fala da necessidade de espalhar essa freqüência de Amor por todo este planeta tão sofrido.

Para onde vou?
            Entrego à minha saudade a tarefa de me levar de volta à origem, esteja ela no céu, nas estrelas ou em algum mundo oculto nas dobras de outra dimensão. Lá, onde passado e futuro não existem e o presente é a eternidade de um momento mergulhado num fluido perene, atemporal, onde a vida é recriada a cada instante cósmico e onde o Amor é a força que conecta os seres viventes à alma do Universo. 
Texto de Márcia Villas-Bôas